A zona de arrebentação tem grande influência na ictiofauna local de uma região, porque abriga uma grande quantidade de peixes e crustáceos que procuram abrigo, alimentação, local para reprodução e outros fatores fundamentais para sua sobrevivência. O Haemulopsis corvinaeformis é uma espécie comum no litoral brasileiro, atingindo no máximo 25 cm de comprimento e habitando águas costeiras. A espécie exerce um papel importante na cadeia alimentar ingerindo presas como: pequenos peixes, crustáceos e moluscos, por exemplo, e podem integrar a dieta de outros peixes. Ademais, essa espécie serve como fonte de subsistência para pescadores. O presente estudo, analisou a hábito alimentar com objetivo de descrever a composição da dieta da espécie através da análise de conteúdo estomacal, quantificar, estimar e determinar sua estratégia alimentar baseada na análise da importância de presas em uma praia de Cabedelo. Dentro dessa perspectiva, foram realizadas coletas mensais por meio de arrasto de praia na zona de arrebentação em duas áreas distintas da praia de Miramar, localizada no Municípios de Cabedelo, Paraíba. As análises dos estômagos e suas respectivas presas, foram realizadas perante microscópio estereoscópio e lupa, e identificadas até o menor nível taxonômico possível. Para identificar as presas mais relevantes, foi utilizado o Índice de Importância Relativa (IRI%), composto pela frequência de ocorrência (FO%), Frequência numérica (N%) e Frequência em Peso (P%). No geral foram identificados 11 tipos presas em 69 estômagos avaliados. A alimentação da espécie estudada foi principalmente composta por presas bentônicas: Bivalve, Amphipoda, Copépoda (Calanoida e Harpacticoida), Gastropoda e fragmentos de macroalgas. A predileção por essas presas determina a espécie como zoobentívora. A espécie apresentou ingestão significativa (P<0,05) de Bivalves e Calanoidas, sendo essas presas as que mais se destacaram com o valor total do IRI igual a 13% e 85% respectivamente. Com isso, conclui-se que as informações sobre os hábitos alimentares demonstram a importância de uma espécie perante a comunidade que está inserida, com alterações na dieta de acordo com a fase de vida, habitat utilizado e estações do ano. Além disso, os ecossistemas costeiros são ambientes propícios para berçário de peixes no geral, sendo categorizado como habitats de alto valor biológico e ecológico que necessitam de planos de gestão e conservação.