Eventos Acadêmicos do IFPB, 4º Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação

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App em saúde como ferramenta para auxiliar no enfrentamento de epidemias de ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais em população jovem
Maciel Gomes Suassuna Júnior, Lucas Alves de Sá, Genilson Cavalcante Oliveira, Mariana Luzia Lima Pereira, Edyfran Medeiros Fernandes, Rackynelly Alves Sarmento Soares

Última alteração: 2021-11-24

Resumo


1 Introdução

App em saúde é qualquer ferramenta eletrônica, tecnologia ou aplicativo desenvolvido para interação com os usuários, podendo ou não haver a mediação por um profissional de saúde de modo a fornecer/utilizar informações pessoais visando a gestão de sua saúde (WHO, 2011). Na atualidade, percebe-se um bom acervo de App em saúde que possibilitam essa nova modalidade de assistência em saúde que por apresentarem informações referentes à saúde das pessoas, em tempo oportuno, podem ser utilizados para otimização dos resultados e redução dos riscos em saúde (BARRA et al, 2017).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os sinais comerciais sem fio (wi-fi) cobrem 85% da população mundial (WHO, 2011). No Brasil, dados do IBGE estimam que pelo menos 88,4% dos jovens brasileiros acessam a internet, entre os quais 97% utilizam smartphones para realizar esse acesso. Esse dado aponta para uma janela de oportunidade com alto poder de comunicação em saúde, dada a estreita relação juventude-celular.

Por outro lado, dados do SINAN apresentaram em 2018 um cenário preocupante, referente a população jovem brasileira. Um aumento de 13,2% dos casos de AIDS nessa mesma faixa etária. Nos últimos anos, verifica-se tendência de crescimento na taxa de detecção em jovens entre 15 e 24 Anos (por 100 mil hab.), em 2006 era de 8,7/100 mil habitantes e em 2017 passou para 14,7/100 mil habitantes, representando um aumento de 69% (BRASIL, 2019).

Diante do cenário ora apresentado, o referido projeto iniciou suas atividades vinculado a um projeto maior o qual apresentou-se de forma transdisciplinar, envolvendo pesquisadores na área da saúde coletiva de várias instituições do país e coordenação geral junto à Universidade de Brasília (UnB). Toda essa mobilização teve como motivação a execução do projeto “Comunicação promotora de saúde: estratégias de enfrentamento de epidemias de ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais em população jovem” cujos objetivos consistiam em: 1) avaliar estratégias de comunicação para prevenção de HIV e IST em população jovem; 2) propor metodologias inovadoras para abordagens de educação voltadas para prevenção das IST, HIV e hepatites virais em população jovem; 3) desenvolver estratégias de comunicação para melhorar a adesão da população jovem e adulta à vacinação contra as hepatites A e B. A inserção do IFPB no referido projeto visou fortalecer o objetivo 2 daquele projeto maior, a partir do qual foi possível incluir discentes do curso técnico de informática do Campus Sousa. Possibilitando a esses jovens pesquisadores uma experiência bastante interessante dada a aproximação com professores/pesquisadores que extrapolava os muros do IFPB - Campus Sousa.

A questão norteadora que se buscou responder consistiu em verificar se o desenvolvimento de um App com foco na prevenção das ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais poderia contribuir para ampliar a adesão dos jovens brasileiros às práticas de prevenção preconizadas pelo Sistema Único de Saúde. Diante do exposto, o presente texto tem como objetivo apresentar o processo de desenvolvimento do aplicativo móvel em saúde denominado “Saúde Jovem”, atualmente em fase de teste de usabilidade.

2 Materiais e Métodos

Trata-se de uma pesquisa aplicada, baseada no método de desenvolvimento Design Instrucional Sistemático (DICK, 2012), organizada em três fases. Na primeira fase, de design/desenvolvimento, foi incorporada as contribuições do grupo ampliado da pesquisa, além de referências de imagens da juventude brasileira para a criação de personas que compuseram a identidade visual do APP. Após a definição da idade, gênero e região geográfica de origem dos personas, foram definidos seus nomes apartir da consulta do registro civil do IBGE no suposto ano de nascimento do persona.  O desenvolvimento do protótipo do App, utilizou as ferramentas, Adobe XD para apresentação das telas e FIGMA para a junção das telas.

Na segunda fase, de implementação, foram desenvolvidas as funcionalidades do App que está estruturado em dois módulos. As tecnologias utilizadas para implementação foram: Botpress, Node, o SDK de código aberto, Leaflet e o Ionic que utiliza as linguagens Angular, HTML, CSS e Typescript. Para a implementação do Módulo 2, foi necessária a composição de uma base de dados contendo perguntas e respostas mais frequentes acerca das IST, esses dados foram coletados nos sites do Ministério da Saúde e da UNAIDS. A árvore de diálogo implementada considerou seis formas de interação que varia conforme o persona escolhido pelo usuário do App.

A terceira etapa, consistiu da avaliação de usabilidade que considerou como referencial teórico Brooke (1992). Essa fase incluiu jovens estudantes da UnB em um primeiro encontro e jovens estudantes da UFAM em um segundo encontro. Para a escolha do nome do App criou-se uma enquete aberta para consulta pública visando iniciar uma aproximação com o potencial usuário do App, criando nessa oportunidade mais um canal de comunicação com esse jovem.

3 Resultados e Discussão

O projeto alcançou seu objetivo geral, visto que um App em saúde foi desenvolvido por jovens e para jovens, com foco na promoção da saúde. Caracteriza-se por ser uma ferramenta inovadora de comunicação em saúde.

O aplicativo de celular foi idealizado para ser distribuído gratuitamente. Na sua primeira versão, contem dois módulos: 1) contempla a localização da rede de serviços do SUS mais próxima do jovem usuário do APP; 2) busca responder as principais dúvidas/respostas acerca da prevenção/tratamento e à adesão às práticas de prevenção por meio de Bots.

Para simular a conversa com os jovens, foram criados cinco personas - um para cada região do país - que serão escolhidos pelo usuário do APP para responder suas dúvidas. Estes trazem consigo marcas de regionalidade e simulam uma conversa humana jovial. O diálogo desenvolvido no bot possibilita 10 possibilidades de abertura, apresentando aspectos de gênero e gírias locais de cada região do país. Quanto à base de dados que subsidia as respostas do bot, foram consolidadas 93 perguntas e respostas tendo como referência bases oficiais do Ministério da Saúde.

Quanto ao módulo que apresenta a rede de serviços do SUS, este apresenta três funcionalidades: 1- indica a localização dos serviços de saúde do SUS próximos ao usuário do APP, 2- permite o traçado da melhor rota até o serviço escolhido pelo usuário do APP e ainda possibilita 3- favoritar” o serviço.

A escolha do nome do App ocorreu mediante a escuta da comunidade por meio de uma enquete. Foram 764 votos, entre os quais, 49% escolheu o nome Saúde Jovem. Com relação a avaliação de usabilidade pelos jovens estudantes da UnB e UFAM, verificou-se score final>80%, o que significa dizer que o Saúde Jovem é fácil de usar.

4 Considerações Finais

O projeto tem como diferencial a forte articulação em rede o que fortaleceu a iniciativa e potencializou os recursos disponíveis. Foram estabecidos diálogos com Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde. Assim, já existe uma expectativa institucional para o uso do App Saúde Jovem em ações de promoção da saúde. O App pode contribuir com a ampliação do acesso da juventude ao SUS e à informação qualificada. Após o lançamento do APP, outras versões estão sendo planejadas com a inclusão de outros módulos.

Agradecimentos

À PRPIPG/IFPB ( 02/2021/Interconecta ) e ao CNPq (CNPq/MS-DCCI No 24/2019) pelo apoio com as bolsas.


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