Eventos Acadêmicos do IFPB, 4º Simpósio de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação

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AS PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS SUSTENTÁVEIS EM UMA LOCALIDADE
Angélica Martins da Silva

Última alteração: 2021-11-24

Resumo


1 Introdução

A agricultura brasileira dispôs de mudanças em suas características com a vinda de empresas advindas de outros países entre os anos de 1960 e 1970 (AGRA; SANTOS, 2019).  Subsequente a essas mudanças, o sistema agrícola brasileiro passou a apresentar características, como de não ser um sistema rural sustentável em relação a perspectiva social, econômica e ambiental (MENEGETTI, 2012).  Verifica-se que isto proporciona dificuldades para os agricultores graça a imposição de modelos de produção que comprometem o futuro sua propriedade (SANTOS et al., 2014). A modificação da situação atual do meio rural constitui-se mediante a composição de um sistema de produção agroecológico, no qual possua as bases da sustentabilidade (ecologia, economia, sociedade, cultura e espaço), de modo que este sistema estabelece a relação harmoniosa entre o homem e o espaço natural, tornando mínimos os impactos das atividades agrícolas no local e expandindo os benefícios da agroecologia (FINATTO; GIANCARLA; SALOMONI, 2008).  Justifica-se o estudo devido a dez publicações entre artigos, teses e dissertações encontrados bases eletrônicas da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Catálogo de Teses e Dissertações da Capes publicados entre os anos de 2016 a 2020, que contém como objetivos básicos a compreensão e identificação de práticas agroecologias na perspectiva da sustentabilidade. Por meio da análise das publicações afirma-se a necessidade do avanço de práticas agroecológicas para a sustentabilidade no meio rural. Mediante ao exposto, o objetivo do presente trabalho é relatar as práticas agroecológicas que visam a sustentabilidade presentes em uma localidade da zona rural.

2 Materiais e Métodos

A coleta de dados foi realizada mediante a observação participante na localidade. A observação participante é um método de observação etnográfica em que segundo Pawlowski et al. (2006), o pesquisador participa do que está acontecendo no ambiente averiguado por meio de adaptar-se e investigar a situação local. Esta técnica foi efetivada permanecendo-se durante uma semana na localidade. Após a observação participante, para aprofundamento da observação participante realizou-se um estudo de caso da localidade para descrever as práticas agroecológicas que visam a sustentabilidade. O estudo de caso analisa de acordo com Yin (2010, p. 32) “um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

3 Resultados e Discussão

A observação participante juntamente com o estudo de caso fez com que fossem verificadas práticas agroecológicas em prol da sustentabilidade na localidade. Destaca-se as práticas agroecológicas sustentáveis presentes sendo a conservação do solo, presença de agrobiodiversidade, preservação da água, existência de sementes criolas, utilização de defensivos naturais e uso de biofertilizantes.

O solo é formado por combinados de origem mineral e orgânica, desenvolvidos por meio de ações dos agentes físicos, químicos e biológicos da rocha primária; sendo que cada solo detém de características distintas na formação do seu horizonte (LUCHESE; FAVERO; LENZI, 2001).  Na localidade rural analisada a conservação do solo é verificada por meio da adubação utilizando matéria orgânica do próprio local, em que os nutrientes advindos desta matéria são bem absorvidos pelas plantas. Fato importante, em decorrência do solo ser um organismo que propicia o desenvolvimento do local.

A agrobiodiversidade é composta pela união de organismos e ecossistemas que interagem com os seres humanos e podem ser manejados pelas pessoas; tendo como representatividade as combinações ocorridas pela diversidade entre as espécies, diversidade entre os ecossistemas e diversidade etnocultural. (NODARI; GUERRA, 2015).  Ao decorrer da observação participante  com o estudo de caso verifica-se que na localidade há preservação e acréscimo da diversidade das plantas presentes, sendo algo fundamental para possibilitar a estabilidade do sistema e a prevenção de insetos que são nocivos as plantas.

A preservação da água constitui-se do acesso a este recurso natural sem que ocorra a contaminação das águas superficiais, aquíferos, rios, lençóis freáticos e possibilite o equilíbrio entre água, solo, plantas e animais; de modo que a coexistência humana com a preservação da água leva a manutenção e ampliação do ambiente de origem (AZEVEDO, 2011).  Observa-se que a preservação da água no local analisado deve-se pelo cuidado com os rios, as nascentes e os açudes decorrente da manutenção da florestal natural nativa.

As sementes crioulas em razão do seu cultivo e preservação constituem meios de preservar a ancestralidade mediante há avanços que dependem de insumos externos; sendo que, as sementes crioulas contêm significados em meio a sua diversidade e aptidão de manterem suas características originais (MOURA et al., 2018). Ao transcorrer do estudo de caso, verifica-se há presença de sementes crioulas com as pessoas desta localidade devido ao hábito de guardarem as sementes crioulas, o que garante uma produção de cultivares com diversidade e qualidade.

Os defensivos naturais proporcionam menos impacto ao ambiente em função do uso de técnicas simples e o equilíbrio ecológico na prevenção de algo que afete as plantas (PEREIRA, 2009). Ao percorrer a localidade verificou-se o uso de defensivos naturais, que possibilita o menor custo de produção comparando-se há defensivos não naturais, além de utilizar produtos em sua fabricação que menor afetam a natureza.

Os biofertilizantes resultam da fermentação da matéria orgânica operando no metabolismo das plantas por meio de atividade microbiana e bioativa; proporcionando proteção a planta contra os agentes externo e melhoria na capacidade física do solo em virtude da maior atividade biológica (GALBIATTI et at., 2011).  No sistema detecta-se biofertilizantes a base de plantas que estão disponíveis no local, algo que é importante para o desenvolvimento de um ambiente sustentável por permitir que cultivares desenvolvam-se sem afetar o local.

A localidade rural possui práticas agroecológicas em prol da sustentabilidade que contribuem para o desenvolvimento social, manejo sustentável e a preservação dos recursos naturais (GUEDES; MARTINS, 2011). Essas práticas agroeocológicas sustentáveis proporcionam produtividade juntamente com a preservação do meio ambiente local.

4. Considerações Finais

O objetivo do presente artigo é relatar as práticas agroecológicas integradas a sustentabilidade em um local.  As práticas agroecológicas sustentáveis são conservação do solo, agrobiodiversidade, preservação da água, existência de sementes crioulas, uso defensivos naturais e utilização de biofertilizantes. Possibilita-se o desenvolvimento da produtividade com a conservação do ambiental.

Agradecimentos

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES ) pelo financiamento do projeto de pesquisa.

Referências

AGRA, N. G.; SANTOS, R.F. Agricultura brasileira: situação atual e perspectivas de desenvolvimento. Recife: SOBER, 2001. 41p.

ARAÚJO, J.S.S. Eficiência de biofertilizantes no crescimento, produção e qualidade da produção da bananeira nanica em neossolo flúvico. Universidade Estadual da Paraíba. 63 f. 2012. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) - Centro de Ciências Humanas e Agrárias, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande. p.17-18. 2012.

FINATTO, R.A.; SALAMONI, G. Agricultura familiar e agroecologia: perfil da produção de base agroecológica do município de Pelotas/RS. Sociedade e Natureza, Uberlândia: Universidade Federal de Uberlânia.v.20, n.2, 2008. 234p.

GALBIATTI, J.A. et al. Desenvolvimento do feijoeiro sob o uso de biofertilizante e adubação mineral. Engenharia Agrícola. Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, v.31, n.1, 2011. 177p.

GUEDES, Z.M.; MARTINS, J.C.V. Agroecologia e Gênero: Perspectiva Socioambiental no Assentamento Mulunguzinho em Mossoró-RN. Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável. Pombal: Verde, v.5, n.1, 2011. 76p.

LUCHESE, E. B.; FAVERO, L. O. B.; LENZI, E. Fundamentos da Química do Solo. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001. 159p.

MENEGETTI, G.A. Desenvolvimento, sustentabilidade e agricultura familiar. 2012. In: Http://www.emater.tche.br/site/br/arquivos/servicos/biblioteca/ digital/ art18. pdf (acesso em 20 de Julho de 2020).

MOURA, E. A. et al. Bancos Comunitários de Sementes Crioulas no Sertão do Pajeú: Divulgando e Partilhando Riquezas e Diversidades. Agrarian Academy, Goiânia: Centro Científico Conhecer, v.5, n.9, 2018. 452p.

NODARI, R. O.; GUERRA, M. P. A agroecologia: estratégias de pesquisa e valores. Estudos Avançados. São Paulo: Universidade de São Paulo, v.29, n.83, 2015. 394p.

PAWLOWSKI, C.S. et al. Children's  physical activity  behavior during school recess.  A pilot study using GPS, accelerometer, participant observation,  and go-along interview. Plos One. Madri: Universidade Europea de Madri, v.11, n.2, 2016. 53p.

PEREIRA, K.E. Uso de defensivos naturais, uma alternativa saudável e rentável. Revista Brasileira de Agroecologia. 2009. In: Http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/8268/5876 (acesso em 20 de Julho de 2020).

SANTOS, C.F. et al. A Agroecologia como Perspectiva de Sustentabilidade na Agricultura Familiar. Ambiente e Sociedade. São Paulo: Universidade de São Paulo, v.17, n. 2, 2014. 214p.

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução: Daniel Grassi. Porto Alegre: Bookman, 2010. 198p.


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