Última alteração: 2021-11-24
Resumo
Na obra As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos (1998), de Lilia Moritz Schwarcz, o segundo reinado é apresentado como um período marcado por simbologias pelos quais é possível entender como a criação de imagens e a manipulação da memória nacional influenciam na manutenção do poder.
Ultrapassando a ideia de biografia e partindo de elementos ritualísticos e iconográficos, a historiadora constrói a imagem do imperador por meio do contexto da segunda metade do século XIX, elucidando a complexidade de uma monarquia recém instaurada e que carrega consigo a coexistência de influências europeias, tropicais, indígenas e africanas. “(...) o terreno mágico, sagrado e simbólico da realeza brasileira que, ao mesmo tempo, atualizou a tradição europeia (espelhada num modelo Habsburgo, Bourbon e Bragança) e a fez dialogar com as representações locais, anteriores a seu estabelecimento” (SCHWARCZ, 2000, p. 5). D. Pedro II surge como um produto desse meio em que nada acontece por acaso e sua figura representa, sobretudo, um mito e uma figura de poder no imaginário popular. Seguindo a linha da obra original, a HQ de mesmo nome, que surge de uma parceria com o quadrinista Spacca, também trabalha com o mesmo recorte histórico, apropriando-se do gênero biográfico ao mesmo tempo em que cria um ensaio crítico.
Com base nessas informações, esse trabalho tem como objetivo discorrer sobre o uso dos símbolos oficiais na criação de uma monarquia tropical e sua influência na fundação da nação, tendo como suporte o quadrinho criado por Spacca. Esse estudo é um recorte da pesquisa Catálogo dos quadrinhos: Levantamento de HQs para uso didático nas aulas de História do Brasil, que está sendo desenvolvida pelo grupo de pesquisa A história nos quadrinhos: uma análise da apropriação de temas históricos nas HQs.